sexta-feira, 28 de março de 2008

Memória "Tombada"


(Clique sobre a imagem para ampliá-la)

Na clássica canção Sampa, de Caetano Veloso, há um verso que diz: “da força da grana que ergue e destrói coisas belas”. O poeta cantor se refere, obviamente, ao poder do capital moldando as paisagens.

Em Jataí a frase deveria se adaptada: “a estupidez humana que destrói coisas belas”. Refiro-me às constantes destruições do patrimônio histórico de Jataí. Apesar de termos uma lei em nosso município que regulamenta a preservação de nossa memória através da manutenção de casarões antigos e prédios públicos que mantém a sua arquitetura original, verificamos, ano após ano, o desaparecimento desses imóveis.

A maioria dos prédios históricos são particulares e, os seus proprietários, constatando a valorização do terreno, tratam de derrubá-los para conseguir um bom dinheiro com a venda da área. Repito, apesar da lei, que parece ter sido elaborada para “inglês ver”, percebemos que ela é ignorada e os prédios que foram tombados como patrimônio histórico são, literalmente, “tombados”, ou seja, derrubados. A punição aos proprietários que descumprem a lei é irrisória, portanto, incentivam as ações criminosas.

Quando nos deparamos com essas ações que estão destruindo a nossa memória coletiva ficamos bastante desapontados. Persistindo esse processo destruidor, infelizmente, as futuras gerações não terão oportunidade de conhecer as concepções arquitetônicas dos nossos antepassados.

Mas o pior de tudo isso é quando constatamos que a iniciativa da destruição dos monumentos históricos não estão partido somente da iniciativa privada. Lamentavelmente, percebemos que o próprio estado que, deveria ser o guardião da lei e garantir a preservação do patrimônio histórico, torna-se um dos responsáveis pela sua destruição.

Pode ser ainda pior? Como diria o meu amigo Rangel, maranhense: “barco perdido, bem carregado”. Na qualidade de professor, é constrangido que afirmo positivamente a indagação que fiz. Por que faço esta afirmação envergonhado? Ora, vejam vocês que, a escola, que deveria ser o mais forte aliado nessa campanha de preservação de nossa memória, mostrando aos nossos alunos a importância desses monumentos para as futuras gerações, acaba se tornando um dos agentes da destruição do patrimônio histórico.

Foi o que aconteceu no Colégio Marcondes de Godoy. O prédio histórico que fica na rua Rui Barbosa, ao lado da praça Tenente Diomar de Menezes, teve parte do seu muro derrubado para a instalação de uma estrutura tipo “pit dog”. Vale ressaltar que a escola ficou fechada durante vários meses para uma ampla reforma em suas instalações onde foram mantidas todas as características arquitetônicas originais, afinal, o prédio é tombado pelo patrimônio histórico. Foi investido muito dinheiro público para trazer às novas gerações a beleza original do período em que o prédio foi inaugurado. Portanto, a Colégio Marcondes de Godoy, localizado no centro da cidade, tornou-se um cartão postal para os jataienses e um belo exemplo do trabalho humano em favor da preservação de nossa memória.

Agora, numa atitude tosca e desrespeitosa com a comunidade, parte do muro veio abaixo para a instalação de um ponto de comércio em seu lugar. A fachada do edifício, extremamente linda, e que conduzia o nosso olhar e nossa imaginação, como num passe de mágica, para meados do século passado, agora nos arremessa para uma espécie de terrível pesadelo estético, retrato vivo desse famigerado mundo globalizado. Ou melhor, tradução literal da estupidez humana!

domingo, 23 de março de 2008

"Os Melhores Prefeitos do Brasil"


Assim fica fácil. Basta você pagar e será relacionado entre os melhores em qualquer atividade e, como reconhecimento, terá seu nome publicado numa revista de circulação nacional. (CLIQUE SOBRE A IMAGEM PARA AMPLIÁ-LA)
Pois foi isso que aconteceu com a tal publicação dos "Melhores Prefeitos do Brasil" que foi publicado na revista Carta Capital como informe publicitário, edição nº 478. A empresa Kriação Propaganda distribuiu aos prefeitos de todo Brasil um folder para que os interessados pagassem o valor de um mil e quinhentos reais para constarem numa suposta pesquisa que apontaria os "melhores prefeitos do País". Na maioria absoluta das cidades que tiveram seus prefeitos "eleitos" entre os melhores, não se indentificou ninguém que tivesse respondido a nenhuma pesquisa com esse fim. Portanto, o négocio foi: "pago, logo, estou entre os melhores prefeitos do Brasil".

Isso me lembra os antigos concursos de rainhas de festas em que a garota que vendesse mais bilhetes, seria eleita a rainha da respectiva festa. A única diferença, no caso dos "melhores prefeitos do Brasil" bastaria apenas o pagamento da bagatela mencionada no folder e "correr pra galera".
A expressão futebolística deverá apenas ser adaptada. "Correr pra galera" para os prefeitos que tiveram seus nomes relacionados, variou nas diversas cidades. Alguns espalharam faixas pela sua cidade com o resultado da suposta pesquisa, outros trataram de divulgá-la em altdors. Tiveram os que optaram pela divulgação em carros de som e os que escolheram jornais, rádios, tv e revistas de sua cidade. Todos, porém, valorizaram bastante os mil e quinhentos reais. Afinal, como está escrito no tal folder que insite com os prefeitos que não pagaram pela primeira publicação: "será a última oportunidade de mostrar sua eficiência como gestor público. Se isto é importante em qualquer tempo, imagine em ano eleitoral".

Publiquei a repercussão dessa notícia no site http://www.bocalivre.org/ no dia 22 de fevereiro com o título: "Os Melhores Prefeitos dos Brasil". A tal publicação que saiu como informe publicitário na revista Carta Capital rendeu muita indignação dos leitores fiéis da revista. Tanto que estava prevista uma segunda edição da tal lista dos "melhores prefeitos", mas a revista desisitiu da idéia.

Marquinho Carvalho

sábado, 22 de março de 2008

Assim não "Dapé"


Os companheiros do site Jataí News linkaram o vídeo da reportagem exibida no Jornal Hoje da TV Globo que denuncia a fraude no processo de seleção do concurso público realizado na cidade Itabela, interior da Bahia, organizado pela empresa Méritum Consultoria e Assessoria Ltda, a mesma que foi contratada pela prefeitura de Jataí para efetuar concurso público em nosso município. A notícia foi postada por Alípio Queiroz.

Transcrevi do conteúdo da reportagem narrada por Sandra Anemberg e Evaristo Costa. A matéria foi ao ar no dia 20 de março de 2008.

“Um concurso público é anulado na cidade de Itabela, interior da Bahia. O motivo, fraude no processo de seleção. Os 239 candidatos aprovados teriam ligação com funcionários da prefeitura. Um deles, acredite, é analfabeto. O concurso foi feito em setembro do ano passado. Segundo o ministério público, as folhas de respostas entregues pelos candidatos foram alteradas. Uma perícia comprovou que as assinaturas também foram falsificadas. Até um candidato analfabeto foi aprovado. Entrevistado pela nossa equipe, ele disse que passou porque Deus quis assim. - Fala do entrevistado - “Deus deu consentimento e eu passei, né”.

Links:


É um tremendo absurdo que a prefeitura de Jataí contrate uma empresa envolvida em denúncias dessa natureza, para realizar o seu concurso público para contratação de funcionários para o nosso município. Evidente que o primeiro procedimento que a assessoria jurídica da prefeitura deveria ter tomado era averiguar o histórico da empresa que seria contratada. Reparem bem, o concurso em que foi verificado a suposta fraude envolvendo a empresa Méritum, foi realizado em 23 de setembro do ano passado. Portanto, o Ministério Público já estava investigando as possíveis irregularidades no processo de seleção. Só esse fato já bastaria para não contratá-la. Afinal, você aceitaria alguém sob suspeita de procedimentos irregulares para prestar serviço para sua empresa? Creio que não. Todavia, a prefeitura de Jataí agiu na conta-mão do bom senso.

Como é do conhecimento de toda população jataiense, a atual administração contratou muitos funcionários sem a devida realização de concurso público e, justo agora, faltando poucos meses para as eleições municipais, decide realizá-lo. Tal procedimento deveria ter sido adotado assim que o digníssimo prefeito assumiu a administração e constatou que seria necessário a contratação de mais funcionários.

Um concurso público organizado em período pré-eleitoral já não é conveniente, agora imaginem a sensação da população sabendo que a empresa contratada para executá-lo esteja envolvida num escândalo de fraude. Sugiro aos nobres vereadores e a população que exijam do senhor prefeito o imediato cancelamento do contrato com a empresa Méritum Consultoria e Assessoria Ltda para realização do concurso público municipal. Com esse processo de fraude em seu histórico, a referida empresa está totalmente desqualificada para conduzir o processo seletivo em nosso município.

É até curioso o lema da empresa Meritum Consultoria e Assessoria Ltda: "O trabalho é nosso...o Mérito é seu". Diante das denúncias de fraude no concurso público na cidade de Itabela, na Bahia, em que até um analfabeto foi aprovado "porque Deus quis assim", a frase torna-se bastante sugestiva. Vejam bem, as reticências estão na logomarca da empresa. Nada mais apropriado!

Concurso Público é cancelado devido à acusação de fraude

No último dia 13, o prefeito de Itabela, Paulo Ernesto Silva, conhecido como Paulo Dapé, assinou um termo de ajuste de conduta (TAC) com o Ministério Público Estadual, onde se compromete a rescindir o contrato com a Méritum e a não homologar o concurso público realizado pela empresa. De acordo com o representante do MP, promotor Bruno Gontijo, foi constatado, por meio de perícias grafotécnicas, que 70% do material periciado a pedido do Ministério Público Estadual possuía assinaturas falsificadas e que gabaritos foram fraudados.

Marquinho Carvalho

Publicado também no site:

terça-feira, 18 de março de 2008

Odair José e sua "Ópera-rock"

Nascido no interior de Goiás, desde cedo se interessou por música e na adolescência formou uma dupla caipira com um amigo. Mudou-se para o Rio de Janeiro com 18 anos, onde trabalhou como cantor de boates suburbanas e circos, guitarrista de inferninhos na Lapa. No início da década de 70 começou a compor músicas baseadas no que observava na realidade dos inferninhos, bordéis e boates. Seu primeiro compacto, "Eu Vou Tirar Você Deste Lugar", falava de um homem apaixonado por uma prostituta, e tornou-se um de seus grandes sucessos. Ele chegou a cantar a música em duo com Caetano Veloso no espetáculo Phono 73, organizado com o contratados da então gravadora Phonogram (hoje Universal). Logo, Odair José se transformou no maior ídolo da música brega, vendendo milhões de discos e emplacando hits como "Pare de Tomar a Pílula", proibida pela censura. Em 1977 surpreendeu ao criar uma "ópera-rock", "O Filho de José e Maria", mas logo em seguida voltou ao estilo antigo.

Compartilhado do Blog Som Barato/Cliquemusic

http://sombarato.blogspot.com/search/label/Odair%20José

http://cliquemusic.uol.com.br/artistas/odair-jose.asp

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Odair José, o artesão da música popularíssima brasileira

Publicado em 26 de novembro de 2007.

O cantor e compositor goiano Odair José de Araújo é o cronista das pessoas que amaram, já choraram muito por causa deste sentimento com nome de paçoca que se esfarela na boca e não têm o menor pudor em admitir isso. É o menestrel das pessoas que amam, porém vivem com medo de perder o ser amado, relatando seus dramas em canções que possuem como eus líricos putas, operários, empregadas domésticas, taxistas e outros representantes das classes sociais menos favorecidas. Não à toa, foi apelidado de "Bob Dylan da Central do Brasil". Suas letras são diretas, despojadas de firulas metafóricas, e calam fundo no peito daqueles que têm suas dores e sentimentos esquadrinhados por canções como "Deixa Essa Vergonha de Lado", "Esta Noite Você Vai Ter Que Ser Minha" e "A Maçã e a Serpente".

Antes de se tornar sucesso popular e vender milhões de discos, Odair José passou por muitos perrengues. Fugiu de casa para tentar a carreira artística no Rio de Janeiro. Lá, dormiu na rua, na praia e até no banheiro do Aeroporto Santos Dumont. Trabalhou cantando em bares, puteiros e inferninhos, testemunhando cotidianamente histórias que seriam fundamentais para a sua carreira de repórter musical dos desafortunados da vida.

Odair gravou seu primeiro disco em 1970, e não tardaria para fazer sucesso em todo o país com músicas simples e marcantes, que dispensavam preliminares e iam direto aos finalmentes. Em entrevista a Pedro Alexandre Sanches, Odair explica porque, em plena época da ditadura, compunha composições que eram consideradas "pornográficas" por sua própria sogra (quando uma música de seu genro tocava no rádio, ela simplesmente o desligava): "O namoro das pessoas já não era mais o namoro do portão, nem de olhar estrelas no céu. Era também isso, mas na verdade as pessoas já estavam transando, o relacionamento do namoro já era sexo mesmo. Não estavam mais se apaixonando apenas por pegar na mão, como se falava nas músicas, negócio de cordão, anel, beijo na boca. Não, já estavam transando. Eu observei aquilo e comecei a fazer minhas letras nesse sentido".

Em depoimento dado ao excelente site Censura Musical, Odair revela que houve tempos em que, de cada 12 canções que fazia, sete sofriam tesouradas impostas pela ditadura.
Não é difícil compreender o porquê de tamanha perseguição. Em declaração dada a Paulo César de Araújo para Eu Não Sou Cachorro Não , livro fundamental para a revisão da importância dos artistas considerados bregas ou cafonas na história da MPB, Odair explica: "Eu vim falando de cama, de pílula, de puta, de empregada doméstica, porque essa é a realidade do Brasil. Foi por isso que eu me tornei um artista polêmico, e a censura começou a me proibir". Diga-se de passagem, o ex-marido da cantora Diana não sofreu represálias apenas da Censura. Devido a obras como a ópera-rock O Filho de José e Maria, de 1977, livremente inspirada na vida de Jesus, Odair foi excomungado pela Igreja Católica.

Ao longo dos anos, em um processo lento mas paulatino, o valor de Odair José vem sendo reconhecido. Em 2006, por exemplo, diversas bandas reuniram-se para gravar um tributo às composições do goiano, Vou Tirar Você Desse Lugar, com a participação de grupos como Pato Fu, Mombojó, Columbia e Mundo Livre S/A. Um alento para um artista subestimado que até hoje mantém a capacidade de escrever músicas que reverberam os anseios e preocupações populares, compondo canções genuinamente honestas. Em seu álbum mais recente, Só Pode Ser Amor, de 2006, destaco a faixa "Pensão Alimentícia": "Todo mês no dia certo/ Você se lembra de mim/ Na sua conta do banco/ Meu valor nunca tem fim/ Na sua vida eu já sei/ Minha importância é só essa/ Sou pensão alimenticia/ O resto não lhe interessa".

"Nunca Mais" - Faixa inicial do polêmico álbum O Filho de José e Maria, a música é um funk suingado, que surpreende a qualquer um acostumado em carimbar toda a obra de Odair José como brega melado. Em um arranjo com direito a guitarras sincopadas e sopros ao fundo, Odair cunha aqui uma das melhores "pedras de toque" de toda a sua carreira: "Morri de tristeza pra viver de alegria".

Compartilhado do site: www.interney.net
http://www.interney.net/blogs/inagaki/2007/11/26/odair_jose_o_artesao_da_mpb/



Odair José de Araújo, natural de Morrinhos - Goiás

Discografia

Odair José (1970) LP
Minhas Coisas/Meu Céu é Você (1971) CBS
Meu Grande Amor (1972) CBS LP
Uma Vida Só (Pare de Tomar a Pílula) (1973) CBS
Lembranças (1974) LP
O Filho de José e Maria (1977)
Odair José (1979) LP
Odair José (1980) LP
Odair José (1989) LP
Odair José – Grandes Sucessos (coletânea)

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O filho-problema de Odair

Escrito por Moziel L. Monk
26-Abr-2007

Odair José tem aparecido na grande mídia nesses últimos meses, teve um tributo promovido por bandas de rock lançado em CD ano passado, participou de uma campanha publicitária de um cartão de crédito e vem dando entrevistas em revistas e programas de TV. Tanto os novos fãs quanto as antigas admiradoras sabem que o gênero de música que o consagrou e que ele ainda defende é o popular brega. Mas em um dado momento da carreira, Odair resolveu inovar e gravou uma ópera-rock.

“Eu agora sou bem diferente...”

Odair José ficou famoso com aquela pérola do cancioneiro onde ele relatava a aventura de um indivíduo que queria se amasiar com uma prostituta. “Eu Vou Tirar Você desse Lugar” vendeu mais de 800 mil cópias naqueles tempos. Ele saiu da CBS e ficou um tempão na Phillips, onde emplacou outros sucessos, como a "Uma Vida Sò" (Pare de Tomar a Pílula) ou “Deixe Essa Vergonha de Lado”, que lhe valeu a alcunha de “cantor das empregadas domésticas”. Devido a sua vivência no meretrício, Odair abordava temas considerados tabus, e na época do regime militar acabou tendo diversos problemas com a censura.

Em 1977, Odair resolve lançar um LP com estilo totalmente diverso do que costumava lançar e que o consagrara junto ao público. Seu plano era produzir um disco em ritmo de rock, estilo garage rock, mesmo sem maiores sofisticações ou requintes técnicos. As influências assumidas de Odair são tão diversas quanto o pianista de Jazz Herbie Hancock, o cantor Peter Frampton e o filósofo Gibran Khalil. Na concepção original de Odair, esse disco seria um álbum duplo que contaria a história de um indivíduo de seu nascimento à morte.

Só que nem tudo saiu como Odair José queria. Mesmo com o aval da sua nova gravadora, os produtores não quiseram arriscar com uma “banda de garagem” e Odair gravou esse disco com a sua tradicional banda Azimute. A gravadora também não quis lançar o álbum duplo, preferindo lançar um único LP.

Em dez faixas, Odair relata em versos a conturbada história do casal-título e do fruto dessa relação fugaz. Em momento algum Odair afirma estar falando de Jesus, e sim de um indivíduo, do “Filho de José e Maria”. Mas a associação é inevitável. E ao colocar o personagem em dilemas existências quanto ao uso de drogas e da sexualidade ele causou celeuma, como também às críticas tecidas à instituição do casamento religioso e a própria igreja. Mesmo sem Odair adotar o termo, a imprensa logo o classificou como uma ópera-rock, certamente comparando-o a obras como Tommy, do The Who, ou The Wall, do Pink Floyd. A gravadora BMG/RCA, que acabara de contratá-lo, apostou em um novo sucesso popular, e ficou a ver navios quando o disco “O Filho de José e Maria” teve críticas desfavoráveis e baixa receptividade do público, e um padre chegou a excomungar Odair José. Muitos acusaram Odair José de tentar elitizar sua obra, se afastando do povão. Resumo da ópera-rock: o disco não vendeu porra nenhuma, o povo não entendeu, a crítica esculhambou, o padre excomungou, a gravadora ficou puta da vida e Odair José só teve aborrecimento. E o pobre ainda teve que ir ao Vaticano pedir perdão ao Papa.

Não obstante o fracasso comercial e a dor de cabeça obtida, vinte anos depois ele mesmo admite que esse disco é um dos melhores trabalhos de sua carreira. Hoje o disco pode ser considerado cult, e não apenas pela curiosidade de ser uma ópera-rock gravada por um ícone brega. O disco tem seus méritos, com arranjos legais, entre o psicodélico e o progressivo, talvez um pouco datados, mas nada que impeça de ser apreciado. Mas o Odair José está presente na simplicidade das letras e no jeito de cronista dos excluídos sociais. Uma pena que o disco não foi bem recebido naquela época, em que o público era bem menos tolerante com ousadias de seus ídolos. E como ele ainda é inédito em CD, só recorrendo a sebos em busca do vinil ou baixando as versões MP3 que circulam pela Internet. No tributo a Odair José, lançado ano passado, a banda Shakemakers regravou a primeira faixa do disco, “Nunca Mais”, e o Pato Fu participou com uma versão de Uma Lágrima, faixa do disco “Coisas Simples”, que seria o segundo disco do LP duplo que Odair originalmente concebera, e que foi lançado apenas em 1978.
http://www.obusilis.net/index.php?option=com_content&task=view&id=117&Itemid=35

Discografia Relacionada pelo site Cliquemusic
http://cliquemusic.uol.com.br/artistas/odair-jose.asp

LUZ ACESA (1994) • CD

ODAIR JOSÉ (1990) • Vinil

ODAIR JOSÉ (1989) • Vinil

ODAIR JOSÉ (1980) • Vinil

ODAIR JOSÉ (1979) • Vinil

LEMBRANÇAS (1974) • Vinil

ODAIR JOSÉ (1973) • Vinil

ASSIM SOU EU... (1972) • Vinil

MEU GRANDE AMOR (1971) • Vinil

ODAIR JOSÉ (1970) • Vinil


20 SUPER SUCESSOS - ODAIR JOSÉ • CD


Compilação: Marquinho Carvalho

segunda-feira, 17 de março de 2008

A "Bruxa" Arqueóloga


Vocês já ouviram falar de alguma “Bruxa” que dedicasse seu precioso tempo para atividades ligadas a arqueologia? Pois eu posso dizer que conheço uma exceção à regra. Trata-se da “Bruxa do Vinil”, que pode ser conhecida através do blog “Abracadabra”.

A misteriosa “bruxa” tem feito incríveis “escavações” e tem trazido à luz preciosos “tesouros arqueológicos” da música brasileira que foram soterrados na poeira dos porões das grandes gravadoras. E como uma boa arqueóloga, a nossa querida "Bruxa" não trabalho só. No caso da "escavação" do disco que mencionarei abaixo, ela contou com a grande ajuda do "aprendiz de feiteiçeiro" Marcelo, companheiro do Rio Grande do Sul.

A última novidade que o “Abracadabra” nos apresentou foi o disco “O Filho de José e Maria”, do insofismável Odair José. Eu que sou goiano, conterrâneo do artista, atualmente com quarenta e dois anos de idade e ouvia, nos meus tempos da infância e pré-adolescência, os sucessos de Odair José na rádio AM de minha cidade, nunca tive a oportunidade de conhecer esse disco. Evidente que eu adorava ouvir as canções do intérprete e compositor que conquistou o coração das camadas populares do Brasil durante a década de setenta.

Quando Caetano Veloso gravou em 1973 a canção “Eu Vou Tirar Você desse Lugar” do Odair José, causou reboliço no meio intelectual que considerava a criação do artista algo menor. Agora, quando as novas gerações rendem loas ao compositor e gravaram o disco “Vou Tirar Você Desse Lugar” - Tributo a Odair José (2006), reunindo seus grandes sucessos com roupagem contemporânea, tornou-se impossível ignorá-lo.

Daí, fazendo a minha cotidiana visita ao templo da “Bruxa do Vinil”, o blog - http://abracadabra-br.blogspot.com/ – dei de cara com o disco “O Filho de José e Maria”, gravado em 1977. Mas, além de me deparar com essa “preciosidade arqueológica” da verdadeira “musica popular brasileira”, devo dizer que fiquei absolutamente impressionado com a “cozinha” dessa produção.

Como uma grande arqueóloga, a “bruxa” não deixa escapar nenhum detalhe de sua meticulosa escavação. Lá estão relacionados todos os músicos que fizeram parte da gravação do disco.

Para minha estonteante surpresa, constatei os nomes do baixista Alexandre Malheiros, do tecladista José Roberto Bertrami e do baterista Mamão, o trio responsável pelo lendário Azymuth que, durante os anos setenta e início da década de oitenta, conquistou o mercado “estadunidense” e brasileiro com sua moderna música instrumental com “sotaque” jazz fusion e pulsação brasileira.

Mas uma “cozinha” que se preze não se restringe a um bom “chefe”. Na lista consta também Robson Jorge, músico que deu uma pitada de modernidade nos teclados brasileiros na década de oitenta. Juntamente com Lincoln Olivetti, foram responsáveis por arranjos e produções de sucesso deles próprios e de grandes músicos brasileiros nesse período.

Pra fechar a relação de grandes músicos que eu conheço e que participaram desse disco do Odair José, cito também Hyldon, autor de grandes sucessos da década de setenta, dentre as quais relaciono: “Na Rua, na Chuva, na Fazenda” (Casinha de Sapê) e “Dores do Mundo”. O disco contou ainda com arranjos de Don Charley em parceria com o próprio Odair José e José Lanforge na gaita e Jaime Alem nas guitarras. Os três últimos, músicos que não conheço o trabalho.

Fiz questão de relacionar todos esses músicos que trabalharam com Odair José para enfatizar que, mesmo fazendo um trabalho considerado “brega” pela crítica brasileira, Odair José, um perfeccionista dentro do seu estilo, conseguiu arregimentar um time de primeira para garantir a sonoridade que ele acreditava que sua música necessitava. “O Filho de Maria e José” é uma grata surpresa trazida à luz pela “Bruxa do Vinil”.

Essa é a grande diferença do trabalho de nossa amiga “feiticeira virtual”, que quer nos fazer crer que todo esse seu fantástico trabalho é um passe de mágica, tipo: “abracadabra” e, de repente, temos à nossa disposição registros históricos da produção musical brasileira de todos os estilos e tendências, quando na verdade, a moça vive revirando os discos empoeirados dos sebos, em seguida vai para sua “cozinha virtual”, joga tudo no “caldeirão computadorizado” e, só depois, nos apresenta suas “poções musicais”.

Obrigado, “bruxinha”, nós te amamos!

Marquinho Carvalho

sexta-feira, 14 de março de 2008

Uma Notícia Boa e Duas Péssimas!

No último dia 7 de abril a Associação dos Amigos do Museu Histórico Francisco Honório de Campos se reuniu para discutir a criação de um cineclube nas dependências do casarão do museu.

O projeto tem como objetivos fundamentais propiciar um novo espaço de lazer para a população jataiense e contribuir com a formação de um público voltado para o denominado “cinema de arte”. Para tanto, a proposta é exibir filmes do circuito alternativo que não encontram espaço nas tradicionais salas de cinemas comerciais e, muito menos, são encontrados nas locadoras.

Após a apresentação do projeto os membros da associação deram os seus pareceres e houve uma unanimidade a favor de sua aprovação. Todos elogiaram a exposição detalhada dos objetivos, justificativa e estratégias de funcionamento do que seria o futuro cineclube. Ressaltaram ainda a importância do cineclube na divulgação do nome do museu junto à população jataiense.

Poucos dias depois de aprovada a criação do cineclube eu soube da informação que o histórico Cine Goiás havia encerrado as suas atividades e o prédio se tornará um templo religioso. O curioso é que na redação do projeto consta o relato desse fenômeno que tem se verificado na maioria das cidades brasileiras.

A lamentável notícia do fechamento do Cine Goiás poderia ter sido minimizada com a aprovação do projeto do cineclube pela Associação Amigos do Museu. Todavia, o entusiasmo dos membros da Associação não teve a reciprocidade da secretária de cultura do município de Jataí que vetou a criação e funcionamento do cineclube nas dependências do Museu Histórico Francisco Honório de Campos.

Vale ressaltar que, ao vetar a criação do cineclube, a secretária de cultura está impossibilitando o recebimento de vários equipamentos eletrônicos: data show, telão, dvd player e caixas acústicas que poderiam ser doadas pelo governo federal, através do Ministério da Cultura.

A política cultural do ministério em relação ao cinema é agir como facilitador na criação de cineclubes nos diversos municípios da federação. Esses equipamentos serão distribuídos, primeiramente, nas cidades que já tem projetos de cineclubes em funcionamento. Portanto, com essa atitude torpe, a senhora Vânia Carvalho, além de prejudicar de maneira ostensiva o movimento cultural de Jataí, fecha as portas da administração municipal para o estabelecimento de uma grande parceria com o Ministério da Cultura.

O que podemos dizer diante de tamanha obscuridade por parte dessa senhora que ocupa o cargo mais importante da cultura em nossa cidade? De minha parte, só posso lamentar que o cargo seja ocupado por uma pessoa tão tacanha em termos culturais.

Também não é pra menos, afinal, foi a própria secretária de cultura que teve a capacidade de vetar a apresentação gratuita em nossa cidade do genial pianista Arthur Moreira Lima, certamente, por não conhecê-lo, agora dá mostras evidentes que desconhece a importância de um cineclube para a cultura de uma cidade.

Sinceramente, só posso acrescentar que estou de luto pela cultura jataiense devido ao fechamento do Cine Goiás e pelo veto da criação do cineclube. Mas principalmente, por termos à frente da secretaria de cultura uma pessoa tão despreparada. Justo a secretária que deveria ser a idealizadora dos grandes projetos culturais em nossa cidade, faz justamente o contrário: impede que a sociedade civil organizada tome a iniciativa. Então, deixemos que esta senhora “culta” continue organizando os seus cursos de “preparação de salada” como grandes eventos culturais.

A propósito, sugiro que atual administração de Jataí realize uma troca na nomenclatura da sua secretaria de cultura. O nome ideal seria: “Secretária do Atraso Cultural”.

Marquinho Carvalho

domingo, 9 de março de 2008

Fora do Ar!

Olá, parceiros da Rádio Boca Livre!

Depois de quase três anos com a rádio instalada na grande rede, jamais tínhamos permanecido mais de doze horas “fora do ar”. Nesse período tivemos problemas com falta de energia elétrica em nossa cidade que nos impossibilitaram de manter a rádio conectada. Outras vezes, problemas com o servidor nos atrapalharam. Todavia, em nenhuma dessas situações, permanecemos mais de doze horas sem lhes possibilitar acesso à rádio.

Há dez dias ocorreu uma descarga elétrica numa central de telefone em nosso bairro. Segundo os técnicos, foram afetados vários metros de cabos de telefonia. Na quinta-feira da semana passada, fomos comunicados que ficaríamos sem telefone por várias horas. Foram dois dias sem telefone é, obviamente, internet. No domingo foi restabelecido o serviço. No entanto, durante a semana tivemos muitas quedas na linha e interrupção do serviço de internet. Sendo assim, não conseguimos manter a rádio o tempo todo no ar.

Quando pensávamos que a situação iria se normalizar, percebemos que o problema não estava solucionado. A partir anteontem, sexta-feira, as interrupções na pioraram bastante. Sábado ficamos sem internet e telefone o dia todo. Só agora pela manhã, por volta das 10:30, que recebemos uma comunicação que o serviço estava normalizado.

Então, cá estou escrevendo pra vocês. Decidi comunicar-lhes sobre esses problemas que nos impossibilitaram de colocar a rádio no ar. Mas na verdade quero mesmo é fazer um desabafo. Vocês não imaginam o meu descontentamento com esta situação. Ontem fiquei o dia todo cabisbaixo. Às vezes eu me distraia e, de repente, percebia que me indagava quase que inconscientemente porque estava me portanto daquele jeito. Entretanto, logo me dava conta que minha chateação era porque a rádio estava fora do ar.

Nesses quase três anos de operação, a rádio se tornou extremamente importante pra mim. Mas ainda não tinha me dado conta que ela havia se transformado em uma espécie de ser com “vida própria”. Só agora compreendi, de maneira visceral, que essa vida própria se manifesta através de vocês, nossos parceiros fiéis. Quando imagino que vocês tentarão acessá-la e não conseguirão, isso me provoca uma enorme frustração. Portanto, foram vários dias tensos com esses problemas constantes no serviço de telefonia.

Não creio que a situação tenha se normalizado totalmente. O técnico me avisou que será necessário trocar alguns cabos que se danificaram por completo. É possível que ainda tenhamos alguns problemas para manter a rádio no ar ininterruptamente. Mas pelo andar da carruagem, logo os serviços serão normalizados. Até lá peço a paciência de vocês. Não abandonem a Boca Livre! Continuamos firmes para mantê-la sempre no ar tocando o melhor da música brasileira pra vocês, nossos parceiros há quase três anos.

O que mais me emociona é que mesmo ficando tanto tempo fora do ar, assim que reinstalamos todos os programas que a colocam no ar, verificamos o monitoramento de audiência logo percebemos várias pessoas conectadas. O caso de hoje, por exemplo, foi emblemático. Ficamos fora do ar mais de vinte e quatro horas, no entanto, assim que retornamos a operar, percebi que havia cinco pessoas conectadas. A sensação que nos dá é que a galera fica aguardando o retorno da rádio.

Essa constatação só reforça a minha sensação de tristeza e frustração quando não conseguimos mantê-la em funcionamento. Em contra-partida, a percepção de que a Boca Livre já faz parte do dia a dia de muitos parceiros, nos comove profundamente e aumenta nossa responsabilidade pra mantê-la sempre “viva”.

Vida longa pra “Boca Livre”! Vida longa pra todos nós! Vida eterna pra grande música brasileira!!!!

Marquinho Carvalho

terça-feira, 4 de março de 2008

Tô Sacudido!

Anteontem, escrevi dois artigos agradecendo e destacando a importância dos blogs e os "blogueiros malucos" que trabalham com tanta paixão pela música, em especial, a brasileira. O artigo foi publicado, originalmente no site http://www.bocalive.org/ e em seguida no meu blog marquinhocarvalho.blogspot.com, todavia, os parceiros do Som Barato, Abracadabra e Um Que Tenha reproduziram o mesmo texto nos respectivos blogs.

Foi uma pena não ter conhecido o SacundinbenBlog (http://sacundinbenblog.blogspot.com/)a tempo de relacioná-lo entre os melhores blogs de música que conheci. O trabalho deste blog é genial!

Ele tem algo especial que ainda não consigo definir com objetividade. Talvez seja o toque quase artesanal que o administrador imprime em cada postagem. Os textos que acompanham as postagens são extremante lindos. Sinto um carinho todo especial em cada palavra empregada para definir cada uma daquelas obras primas que foram postadas.

A descrição pessoal das audições do autor é comovente, e nos inspira a ouvir aqueles discos, imediatamente, na tentativa de alçarmos os vôos sonoros que ele experimentou. Muito tocante! Fiquei bastante emocionado quando as li. Um toque singular, que nos convida a penetrar no universo musical que o SacudinbenBlog apresenta em cada uma daquelas pérolas, principalmente, da música brasileira, que eu amo demais e que tive a sorte grande de ter sido apresentado pelo meu grande amigo Tupi, há vinte e cinco anos atrás.

Olha que barato, nesse exato instante estou ouvindo através da nossa rádio - http://www.radioweb.bocalivre.org/ - "Araponga" da Rosinha de Valença, do disco que leva o nome dela, produzido em 1973. Rosinha de Valença, foi uma dentre tantos que eu conhecia somente de nome, sabia da sua importância na história da música brasileira, entretanto, só tive contato com seus discos, através dos "gloriosos" blogs.

Para concluir, creio que a únicas palavras cabíveis, nesse momento de muita alegria por ter conhecido outro blog fantástico, são apenas agradecimentos pelo belíssimo trabalho em favor da música, especialmente, no resgate de tantas obras primas da música brasileira.
Muitíssimo obrigado!

Ah, quase que tive que ligar para o "BA - Baixadores Anônimos", grupo de apoio fictício que "criei", para os baixadores compulsivos. Fiquei até as quatro da madruga baixando as pérolas que encontrei no SacundinBenBlog, dentre eles os clássicos: Waltel Branco, Raul de Souza, Monsueto, Edson Machado, Nelson Cavaquinho, Elza Soares e Wilson das Neves, Adoniran Barbosa e Geraldo Filme. E, claro, as novidades: Orquídea, Roberto Marques, Ray Barreto, Maurício Carrilho, Germano Mathias, Ray Barreto e Pagode Jazz Sardinha's Club.

Sabe de uma coisa, quando descobri o blog, me senti como um arqueólogo que fez parte da equipe que encontrou em 1974, o famoso esqueleto do Austropithecus Lucy e, logo em seguida, se deparou o outro esqueleto importantíssimo, que foi denominado, a "filha de Lucy". Todavia, esse último achado só aconteceu em 2006. Portando, sou mais sortudo que nossos brilhantes pesquisadores. Sei que a mentáfora é um esdruxula, mas foi o que senti ao me deparar o SacundinBenBlog!

Parabéns, SacundinBenBlog!

Marquinho Carvalho

Esse artigo também será publicado na página inicial do site http://www.radioweb.boca.livre/ e no www.bocalivre.org

domingo, 2 de março de 2008

Agradecimento aos "Blogueiros Musicais" e seus Incríveis Trabalhos

Há tempos que queria escrever um artigo sobre a importância dos blogs que disponibilizam links de discos para serem baixados. Só hoje consegui redigi-lo. Na verdade, o artigo foi uma maneira que encontrei de agradecer aos parceiros, responsáveis pelos blogs, por esse fantástico trabalho em favor da música, em especial, da música brasileira. Todos os blogs que eu relacionei no artigo intitulado: “Os Blogs e a Revolução Musical”, foram importantíssimos pra mim e para a nossa rádio www.radioweb.bocalvire.org - entretanto, fiz um agradecimento especial aos blogs Som Barato e Um Que Tenha. Eles linkaram a Boca Livre e nos ajudaram bastante a divulgar o projeto da rádio.

Já havíamos estabelecido a parceria com o blog http://umquetenha.blogspot.com/ e tempos depois, mais precisamente, no dia 18 de outubro do ano passado, a Boca Livre foi linkada também pelo blog http://sombarato.blogspot.com/. Até o momento tivemos 534 acessos através do Um Que Tenha e 1.748 internautas encaminhados pelo Som Barato. Fantástico resultado!

O interessante é que, a nossa recompensa por esse trabalho de divulgação da música brasileira, que não visa lucro financeiro, é justamente, constatarmos que a rádio está sendo acessada. Esta sim, é a nossa remuneração, ou seja, também virtual.

É muito bom saber que o nosso trabalho duro está atingindo seu objetivo de possibilitar que as pessoas possam conhecer, reconhecer e desfrutar da grande musicalidade brasileira. Um país com uma musicalidade incrível que é escondida pela mídia comercial da maioria da população brasileira. Somente a músicas comerciais e descartáveis é que chegam até nosso povo. Por isso, o nosso esforço de manter um projeto como o da rádio virtual Boca Livre. O mesmo que motiva os parceiros administradores dos blogs que postam músicas através da internet.

Hoje é uma data muito especial para a www.radioweb.bocalivre.org - afinal, o blog Som Barato nos encaminhou 1.748 ouvintes. Em função desta proeza, está assumindo o topo do ranking de acessos da rádio oriundos dos diversos sites e blogs que colaboram conosco. É um dia de festa pra nós e, creio, também para o nosso parceiro Som Barato. Isso só comprova o sucesso do trabalho de sua administração.

AS DIFERENÇAS

A Diferença Como eu havia dito no artigo anterior, todos os blogs realizam um excelente trabalho na divulgação da música brasileira, principalmente, porque não auferem lucros econômicos com esse duro trabalho. São todos movidos pela paixão! Todavia, existem vários fatores que os diferenciam e, por certo, justifica ter ou não mais acessos pelos internautas.

As peculiaridades de cada um vão desde a diversidade de estilos musicas postados, novidades do mercado fonográfico, resgate de clássicos “perdidos”, qualidade sonora das conversões do antigo vinil para a leitura em MP3, a quantidade de kbps em que os mesmos são postados, tamanho do arquivo da foto da capa disponibilizada e o histórico do disco e do músico que foi postado.

Sem dúvida, dentre esses vários itens apontados acima, um que se destaca, são as diversas informações sobre os músicos, os discos. Esses, por sua vez, com suas fichas técnicas. Essa última é esplêndida para os que cultuam a famosa “cozinha”. Afinal, não existe uma boa interpretação vocal sem grandes músicos acompanhando. No caso da música instrumental, então, nem se fala.

É extremamente importante o conhecimento aos músicos que estão produzindo aquele som de altíssima qualidade. Portanto, aí está a diferença entre o Som Barato e o Loronix. Ambos, fazem questão de divulgar esse último item. No caso, o Loronix, escrito em inglês e o Som Barato, no velho e bom idioma Tupiniquim. É bom frisar que todos primam por excelente qualidade na maioria dos itens relacionados acima.

A diferença entre esses blogs estão em pequenos detalhes. Por exemplo: Som Barato – Capas ótima resolução. Nome do disco, ano em que foi gravado, nome das músicas e seus autores e, geralmente, os nomes dos músicos que participaram da gravação. Assim como o Loronix, o Som Barato se atém ao histórico do disco e dos intérpretes. Portanto, como havia frisado, a diferença básica entre os dois blogs e os demais, está nesse histórico.
http://sombarato.blogspot.com/

Lorinix – Capas e algumas contra-capas postadas com ótima resolução. Divulgam também o nome do disco, ano em que foi produzido, nomes das músicas e seus autores, músicos e produtores, sendo que em alguns casos, colocam também a foto dos músicos que tocaram no respectivo disco. Como eu havia mencionado, acrescentam um texto sobre com histórico do disco e do intérprete.
http://loronix.blogspot.com/

Um Que Tenha – Capas com boa resolução. Nome do disco e o ano em que foi produzido. http://umquetenha.blogspot.com/

Abracadabra – Capas com ótima resolução. Colocam todo o material gráfico dos discos que convertem, além da capa e contracapa, encartes e até mesmo o fascículo todo quando o disco vem acompanhado. Não sei se os leitores conseguem imaginar o trabalho que isso dá. Mas vale a pena pelo registro histórico do disco.Claro que consta também o nome do disco, ano de produção, relação das músicas e seus autores. Enfim, apresentam a ficha técnica completa. Isso quer dizer que contemplam o nome de todos os músicos que participaram do disco, bem como, dos arranjadores.
http://abracadabra-br.blogspot.com/

Música da Boa – Capas com ótima resolução. Nome do disco, ano de sua realização e os nomes das músicas.
http://gringo-musicadaboa.blogspot.com/

Cápsula da Cultura – Capas com boa resolução. Nome do disco, ano de sua produção, nomes das músicas e seus autores. http://www.capsuladacultura.com.br/blog

Meus sinceros agradecimentos aos parceiros responsáveis pelos blogs. As novas gerações serão eternamente gratas por esse trabalho incrível em favor da grande música brasileira!

Marquinho Carvalho

Os Blogs e a Revolução Musical

Há aproximadamente dois anos começaram a surgir diversos blogs postando música para serem baixados pela internet. Tem para todos os estilos musicais. Uma fantástica revolução musical invadindo a grande a rede de computadores.

Trata-se de uma espécie de “anarquismo pós-moderno” que está possibilitando que a gente consiga ter acesso a discos que imaginávamos jamais ouvir. Isso porque as grandes gravadoras não têm interesse em relança-los em cd, acreditando que os mesmos não terão muita procura. Com isso, lendárias discos da música brasileira e mundial, foram esquecidos nos depósitos dessas gravadoras, quando não tiveram suas cópias originais incineradas.

Mas aí surgiram muitas pessoas idealistas e abnegadas que estão prestando um grande favor à música contemporânea. Eles fazem a conversão das músicas do antigo e fabuloso vinil para a linguagem MP3 e disponibilizam esses discos gratuitamente através da internet.
Esse movimento é mundial e, portanto, verdadeiros fenômenos musicais relegados ao esquecimento estão sendo resgatados das estantes de todas as partes do mundo e surgindo “mais novos” do que nunca em nossos computadores. Trata-se de um trabalho magnífico que desafia a lógica do capitalismo moderno que descarta o passado em favor dos lançamentos recentes, a maioria, de gosto duvidoso. Por isso, pérolas do passado são abandonados pelas gravadoras. Daí a importância dos chamados “blogueiros”, afinal, estão preservando a memória musical do século XX.

Vou me ater a comentar, especialmente, sobre os blogs especializados em música brasileira. Quando eu iniciei o processo de “aquisição” de discos através desse mecanismo, baixava música de todos os estilos. Eu e dois amigos, Rafael e Manoel, havíamos criado a rádio virtual – http://www.radioweb.bocalivre.org/ - Nos primeiros dez meses de trabalho com a rádio a gente tocava música do mundo todo. Depois decidimos nos dedicar à grande música brasileira. Foi uma decisão muito difícil, pois acreditamos que esta manifestação artística não tem bandeira. A música transcende as fronteiras geográficas e idiomáticas. Mas nos lembramos de Alberto Caeiro:

“O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeiaPorque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.”

(Alberto Caeiro – Heterônimo de Fernando Pessoa)

Então, a partir desse momento decidimos tocar somente música brasileira. No início foi estranho, mas depois percebemos que havíamos feito a melhor escolha. Antes a gente não tinha uma identidade. Mas tocando apenas música brasileira, pudemos nos aprofundar nas pesquisas. Melhor pra mim que, desde o início das minhas aquisições de discos de vinil há vinte e cinco anos atrás, ficara muito claro minha preferência pela música brasileira. Portanto, ao longo de quase três anos, Boca Livre se tornou um verdadeiro celeiro dos grandes talentos musicais do Brasil que se verifica em sua da enorme diversidade de ritmos.

Mas grande revolução na Boca Livre aconteceu, de fato, quando descobri, em meados do ano de 2006, o primeiro blog que postava música brasileira. Desde então, baixei muitas pérolas da música brasileira e conheci outros tantos blogs fantásticos. Os cinco mais feras estão na página principal do site da rádio. Quando os escolhi, não estava, de maneira alguma depreciando os demais. No entanto, os blogs Som Barato, Um Que Tenha, Cápsula da Cultura, Loronix, Música da Boa e Abracadabra são extremamente profissionais, em detrimento de realizarem esse trabalho sem nenhuma remuneração. Isso é que torna o fenômeno dos blogs algo extraordinário. Assim como a rádio Boca Livre, nosso maior objetivo é possibilitar que a grande música Tupiniquim chegue à população brasileira e ao resto do mundo.

Os blogs são responsáveis pelo novo fenômeno da revitalização da música brasileira. Muitos artistas praticamente desconhecidos do grande público, inicialmente, reclamaram seus “direitos autorais” por terem seus discos postados na internet pelos blogueiros. Mas para surpresa de muitos deles, quando foram fazer shows em cidades que imaginavam que quase ninguém os conhecia, perceberam muita gente cantando suas músicas. Isso só aconteceu devido ao trabalho dedicado dos nossos grandes parceiros, criadores dos blogs.

O meu objetivo com esse artigo era agradecer e enfatizar a importância desses blogs em minha vida, bem como para a rádio Boca Livre e, creio, pra muita gente que acessa a nossa rádio. Em apenas um ano e meio tive acesso à tesouros da música brasileira que tanto sonhava e que, jamais encontrei em “Sebo” algum. Outras vezes, quando me deparava com algum deles, simplesmente, não tinha dinheiro para pagar a fortuna pedida pelos donos dos sebos. Hoje, não apenas eu desfruto desses discos, mas os compartilho com os parceiros da rádio Boca Livre.
O melhor dessa descoberta dos blogs não foi apenas ter conseguido baixar discos que tanto sonhei, mas conhecer dezenas de grandes músicos brasileiros que jamais ouvira falar. A lista é enorme, mas cito três que me marcaram profundamente: os geniais Moacir Santos, Laurindo Almeida e Kátia de França.

Obrigado a todos os blogueiros que dedicam um tempo precioso de suas vidas em favor da música, especialmente, a nossa grande música brasileira. Muitíssimo obrigado!!!
Dedico esse artigo ao meu amigo Jefferson Affiune (BOI) que me indicou o primeiro blog. Ao grande Weldinho que me apresentou vários músicos brasileiros que eu desconhecia completamente. Dentre eles, tive a incrível felicidade de ouvir, ainda em vida (faleceu logo depois), o gênio musical brasileiro, Moacir Santos. Ao meu grande parceiro Rafael, sem o seu incansável trabalho técnico e grande conhecimento de computação, tudo isso jamais teria acontecido. Agradeço também à parceria com Manoel Napoleão, sempre atento na administração da rádio e ajudando a mantê-la sempre no ar. Obrigado à parceria fiel da família Suzigan, Silvinha, Adriana, Totonho, Regina, Ana Paula, Levy, Bollivar, Carol e Rejane. Enfim, a todos que que nos dão estímulo para continuarmos o nosso trabalho.

E agora meus agradecimentos super especiais ao blogueiros do Som Barato e Um Que Tenha. Além de realizar esse trabalho magnífico, eles tiveram o carinho de linkar a Boca Livre nos blogs e, graças a esse ato, tivemos muitos acessos provenientes de lá.

Valeu, parceiros!

Já ia me esquecendo. No início de janeiro, a TV Rio Claro, emissora da minha cidade (Jataí), afiliada da TV Anhanguera, realizou uma reportagem sobre o trabalho da - http://www.radioweb.bocalivre.org/ - O resultado vocês podem conferir no YouTube através do link abaixo.

http://br.youtube.com/watch?v=CeoycgFRZz8


Os links do blogs parceiros da Rádio Web Boca Livre:

http://sombarato.blogspot.com/
http://umquetenha.blogspot.com/
http://gringo-musicadaboa.blogspot.com/
http://abracadabra-br.blogspot.com/
http://www.capsuladacultura.com.br/blog
http://loronix.blogspot.com/

Divitam-se!

* Ministério da saúde adverte: Baixar discos por se tornar um vício. rs

Mas caso isso aconteço contigo, não se preocupe, já criei um grupo de apoio. É o famoso: BA (Baixadores Anônimos)

Marquinho Carvalho