quinta-feira, 17 de março de 2011

Vejam a repercussão sobre o tal blog da cantora Maria Bethânia

Creio que seria legal se vocês lessem primeiro a matéria publicada na Folha de São Paulo sobre o polêmico blog da Bethânia financiado pelo Ministério da Cultura antes de ver o vídeo parodiando uma das interpretações mais conhecidas de Maria Bethânia.



As duas notas abaixo foram publicadas por Monica Bergamo na Folha de São Paulo do dia 16 de março.

O BLOG DA BETHÂNIA
Maria Bethânia conseguiu autorização do Ministério da Cultura para captar R$ 1,3 milhão e criar um blog. A ideia é que "O Mundo Precisa de Poesia", nome dado ao site, seja dedicado inteiramente aos versos e traga diariamente um vídeo da cantora interpretando grandes obras. A direção dos 365 vídeos seria de Andrucha Waddington.

PARECE MAS NÃO É
Há três anos, Bethânia se envolveu numa polêmica ao ter um pedido de captação, de R$ 1,8 milhão para uma turnê, rejeitado pela área técnica do ministério. O então titular da pasta, Juca Ferreira, baiano como Bethânia, ignorou o parecer e autorizou a captação de R$ 1,5 milhão.

Polêmica sobre blog é equívoco, diz diretor
Cineasta Andrucha Waddington defende projeto de Maria Bethânia, do qual participa, após críticas na internetMinistério autorizou captação de R$ 1,3 mi para site com vídeos da cantora e afirma não haver irregularidade


MARCUS PRETODE
O cineasta Andrucha Waddington, que vai dirigir os vídeos do blog O Mundo Precisa de Poesia, considera "um equívoco" a polêmica em torno da decisão do Ministério da Cultura, que autorizou, anteontem, a cantora Maria Bethânia a captar R$ 1,3 milhão para o projeto.O texto prevê produção e veiculação de vídeos diários de 1 minuto em que Bethânia vai interpretar poemas. O plano é que sejam colocados no ar 365 vídeos. A coordenação deverá ficar a cargo do sociólogo Hermano Vianna.Noticiada ontem pela colunista Mônica Bergamo, na Folha, a aprovação da captação do dinheiro, via Lei Rouanet, teve repercussão e críticas nas redes sociais -estava entre as mais comentadas pelos brasileiros no Twitter."Se fosse documentário ou filme para ser visto por cinco mil pessoas no cinema, ninguém estaria reclamando", diz Waddington."Parece que internet não é um meio válido. Lá [no blog], os vídeos vão ser vistos por milhões, e de graça. Preciso trabalhar com uma equipe, com o mesmo padrão de qualidade dos meus filmes."O cineasta estima que cerca de R$ 3.500 sejam usados por episódio, contando aí despesas com som, assistente de direção, produtor, ilha de edição, mixagem e pós-produção de imagem. Ele não revela seu cachê.Procurada, Bethânia não quis comentar o caso. Mas seus sobrinhos, Jorge Velloso e Belô Velloso, saíram em defesa da cantora no Twitter."Não falei com minha tia ainda, mas já adianto que ela pensou de verdade em levar cultura para vocês. Que ingenuidade", escreveu Belô.Jorge postou: "Caetano está errado. Lobão não tem razão! Nunca!". Referia-se ao inspirador de "Lobão Tem Razão", de Caetano. Lobão foi um dos que atacaram a decisão do MinC."Gerar projeto de poesia é muito bacana, mas as pessoas beneficiadas com essas leis são sempre as mesmas", disse Lobão à Folha. "O que fica bastante patente nesse movimento todo é que há uma parada chapa branca para a MPB. Na outra gestão, flagraram projetos de um milhão para DVD de Ivete Sangalo, Carlinhos Brown, Claudia Leitte. Viva a Bahia!"O MinC declarou, em nota, que "a aprovação, que seguiu estritamente a legislação, não garante, apenas autoriza a captação de recursos" e que os critérios "são técnicos e jurídicos".O texto do ministério dizia, erroneamente, que a captação seria feita via Lei do Audiovisual -horas depois, o órgão soltou outra nota com a correção. PARÓDIAEntre as críticas à decisão do MinC, estava o Blog da Bethânia, uma paródia do projeto. "Criei o blog porque não recebi uma bolada do MinC e achei injusto", disse o autor do site, o publicitário Raphael Quatrocci, 28. "O humor é a melhor forma de demonstrar indignação."Segundo ele, o blog teve cerca de 50 mil acessos ontem.A assessoria de Bethânia disse que acha "absurdo" o conteúdo do blog falso.
Colaborou RAFAEL CAPANEMA

Brincar de Viver (Versão original exibida no especial da Rede Globo)



Brincar de Viver
Composição: Guilherme Arantes

Quem me chamou
Quem vai querer voltar pro ninho
E redescobrir seu lugar
Pra retornar
E enfrentar o dia-a-dia
Reaprender a sonhar
Você verá que é mesmo assim, que a história não tem fim
Continua sempre que você responde sim à sua imaginação
A arte de sorrir cada vez que o mundo diz não
Você verá que a emoção começa agora
Agora é brincar de viver
E não esquecer, ninguém é o centro do universo
Que assim é maior o prazer
Você verá que é mesmo assim, que a história não tem fim
Continua sempre que você responde sim à sua imaginação
A arte de sorrir cada vez que o mundo diz não
E eu desejo amar todos que eu cruzar pelo meu caminho
Como eu sou feliz, eu quero ver feliz
Quem andar comigo, vem...

quarta-feira, 16 de março de 2011

Sandy "Devassa"

José Simão, colunista do Jornal Folha de São Paulo, está atento no lado "devassa" da cantora Sandy.

Terça-feira (15/03/2011)
Sandy é a nova garota Devassa. Então muda o nome da cerveja de Devassa pra Cabaço. Rarará! Só falta ela posar pelada. Pra uma edição especial da "Playboy": PLAYCENTER. Sandy posa pra Playcenter! A Sandy devia ser garota propaganda da Fanta Uva!
Quarta-feira (16/03/2011)
Eu vi o comercial da Sandy Devassa! Os cervejeiros não aceitam. Tem até jogo de sete erros no comercial. 1) Primeiro e último copo de cerveja. 2) Aquela maquiagem derreteria no primeiro botequim. 3) Pega o copo com nojinho. 4) O dedo mindinho tá tenso. 5) Pose de champanhe. 6) Não há sinal de barriga de chope. 7) Olhar, perdido: "Onde tá o meu Toddynho!".E corre na internet que a Sandy é tão devassa que uma noite dormiu fora de casa, na rede do quintal. A Sandy é tão devassa que não chupa o picolé, morde!Buemba! Buemba! Sandy morde o picolé. Rarará!A Sandy come dois bombons de licor e já entra em coma alcoólico.E última e bombástica revelação: o Ponto G da Sandy tem sabor de chocolate. Rarará!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Rodrigo Bueno - O "Divino", a anaconda e a luta no solo

"... IMPÕE COM seu jogo o ritmo do chumbo (e o peso), da lesma, da câmara lenta, do homem dentro do pesadelo. Ritmo líquido se infiltrando no adversário, grosso, de dentro, impondo-lhe o que ele deseja, mandando nele, apodrecendo-o. Ritmo morno, de andar na areia, de água doente de alagados, entorpecendo e então atando o mais irrequieto adversário." O poema de João Cabral de Melo Neto foi feito para Ademir da Guia, mas poderia ser para o atual Barcelona. Não vi o maior ídolo alviverde atuar, mas lances em vídeo e esse torturador poema moldaram a ideia que tenho do "Divino".Da mesma forma, não pude presenciar muitos dos maiores times da história, porém alguns VTs e relatos sobre eles bastaram para que eu os cultuasse. Sem medo de desrespeitar os gigantes do passado e enfurecer os saudosistas, o Barça de hoje está definitivamente na galeria dos maiores.Um outro genial João, o "Canalha" Albuquerque da ESPN, perguntou-me se o esquadrão de Messi, Xavi e Iniesta poderia ser comparado com o Santos de Pelé. Fiz uma ressalva de que o atual Espanhol é um torneio de dois times, mas o Paulista dos anos 60, por pontos corridos, também era.O Barça pode ruir contra um gigante na Copa dos Campeões, o que ocorreu ano passado. Mesmo assim, já conquistou a história com seu ritmo assustador. Pobre Arsenal: nenhuma chance de gol, 32% de posse de bola, 19 faltas e seis cartões contra oito infrações e nenhuma advertência.Pensei em inúmeras comparações e metáforas para descrever o Barça. A melhor que me veio à mente foi o poema acima. Mas lembrei de imagens de estrangulamento, como uma anaconda enrolando calmamente a presa enquanto quebra seus ossos ou um lutador de vale-tudo que leva o rival grandalhão ao solo e ataca pacientemente até o momento do xeque-mate. O futebol está aos pés de algo monstruoso.

Rodriguo Bueno - Publicado na Folha de São Paulo em 10/03/2011.


O Poeta e o futebol - Poema de João Cabral de Melo Neto em homenagem a Ademir da Guia, o “Divino”.

Ademir impõe com seu jogo
o ritmo do chumbo (e o peso),
da lesma, da câmara lenta,
do homem dentro do pesadelo.

Ritmo líquido se infiltrandono
adversário, grosso, de dentro,
impondo-lhe o que ele deseja,
mandando nele, apodrecendo-o.

Ritmo morno, de andar na areia,
da água doente de alagados,
entorpecendo, e então atando
o mais irriquieto adversário.

Juca Kfouri - "Ode ao Futebol"

O espetáculo de Camp Nou é mais um daqueles para a Catalunha nunca mais esquecer

EU GOSTO é de futebol.Cada vez mais.Razão pela qual cada vez mais me obrigo a ver os jogos do Barcelona.Aliás, me obrigo não. Cada vez mais me vicio em ver os jogos do Barcelona, cada vez mais tenho mais prazer em ver os jogos do Barcelona. Até quando empata ou perde. Até quando joga mal.Porque, quando joga mal, é visível o sofrimento de Messi e companhia, porque o time tenta fazer tudo aquilo que deu certo dias atrás e que naquele momento não acontece. Mas acontecerá no minuto seguinte?Essa é a expectativa, essa é a aposta, esse é o esforço. Às vezes acontece, às vezes não.E, quando não acontece, todos nos lembramos que eles, Iniesta e companhia, são humanos.Como quando perderam brilhantemente para o Arsenal, em Londres.A comemoração inglesa, diga-se, justificou-se plenamente. Bobagem isso de dizer que festejaram antes da hora, que faltavam ainda mais 90 minutos. Ora, uma vitória como aquela, para cima de Xavi e companhia, tinha mesmo que ser muito comemorada.O que veio depois é outra história. Tão certo como dois mais dois são quatro. Mas nem tanto.Porque Sergio Busquets fez um gol contra quando o segundo tento catalão era iminente. E a Catalunha tremeu. Por dois ou três minutos, desenhou-se a catástrofe, a surpresa do inesperado, a maldade da suprema injustiça.O toco e me vou que os argentinos inventaram e este Barça aperfeiçoou, sob o comando de mais um argentino genial, assumiu ares de toca e me fui, com o perdão da construção mais que imperfeita.Porque até mesmo o domínio que se manteve e se acentuou depois que ficaram 11 contra 10 redundava em gols perdidos, que não estavam à altura da excelência dos atores no tapete de Camp Nou.Mas o brincalhão deus dos estádios não estava em dias de Maracanazo ou de Sarriá e não levou às últimas consequências o castigo ao mais belo.Logo tratou de promover mais uma triangulação perfeita para novo gol. E nova linha de passe para redundar em pênalti, enfim marcado, já que o primeiro, no primeiro tempo, passou espantosamente em branco, reclamado mesmo depois da obra-prima de Lionel Messi no gol de abertura do placar.Ver o Barça é lembrar de coisas que já foram.E que, felizmente, sempre voltam, voltam sempre.Porque eu gosto é de futebol.

Juca Kfouri - Publicado no Jornal Folha de São Paulo em 10/03/2011.