sábado, 12 de abril de 2008

O PT Jataiense e as Coligações Desastrosas

Aproximando o período das eleições municipais em todo País, começam também as articulações políticas em busca das coligações partidárias com vistas ao próximo pleito eleitoral. Trata-se de uma prerrogativa natural do regime democrático. Entretanto, é um momento bastante delicado, afinal, uma coligação equivocada pode afundar as pretensões eleitorais de uma determinada legenda.

Nesse sentindo, gostaria de fazer uma análise histórica das coligações do Partido dos Trabalhadores de Jataí nas últimas duas eleições municipais. De antemão, adianto, foram todas catastróficas do ponto vista político eleitoral.

A primeira, em 2000, o partido decidiu apoiar a candidatura de Mauro Antonio Bento. Os “gloriosos” companheiros quiseram subverter as leis da química, tentanto misturar água e óleo. Evidente que tal mistura jamaais seria concretizada efetivamente. Faço essa afirmação porque o ex-prefeito e deputado Mauro Bento sempre pautou a sua história política pela postura centralizadora e populista. O PT, pelo contrário, construiu a sua história calcado nos debates em suas bases, portanto, descentralizando as decisões. O “populismo”, por sua vez, é uma tática eleitoral personalista que não condiz com a conduta do Partido dos Trabalhadores, que prioriza o debate de idéias e não o culto à personalidade de seus lideres. Como se isso não bastasse, o segundo mandato de prefeito do então candidato Mauro Bento, havia sido uma lástima. Sendo assim, a coligação foi, como eu costumo denominar: “um tiro no pé”. O partido entrou naquela campanha ferindo seus princípios fundamentais.

Como historiador, sempre acreditei que as experiências históricas nos servissem como lições para futuras empreitadas. Todavia, pelo visto, o PT de Jataí não é muito chegado a uma análise de sua história para projetar suas ações. Digo isso porque, em 2004, novamente, o partidio fez uma coligação desastrosa.

Desta vez o PT se alinhou ao PMDB. Embora o ex-prefeito Humberto Machado tivesse feito uma administração que agradara bastante à população jataiense, a coligação não foi muito bem aceita no “ninho” do PMDB e, muito menos, pelos companheiros petistas. Resultado, o partido saiu dividido para o pleito eleitoral e não contribuiu, efetivamente, com a candidatura pemedebista, que acabou perdendo as eleições. Lembrando que os candidatos a vereador pelo PT ficaram “amordaçados” no palanque do candidato Alcântara, pois durante oito anos a vereadora Bia havia feito uma dura oposição à administração de Humberto Machado e, de um momento para o outro, tornou-se sua aliada. Então, as críticas que deveriam ser feitas pelos candidatos do PT, acabaram não sendo ouvidas pela população e, diante dessa omissão, não conseguimos eleger nenhum vereador, perdendo, inclusive, a nossa vaga na Câmara Municiapal, ocupada, até então, pela vereadora Bia, que optou por sair como candidata a vice-prefeita na chapa do PMDB.

Agora, observem bem a “cegueira” política e histórica de alguns membros do PT jataiense. Para as próximas eleições, qual a postura que você, eleitor, imaginaria do Partido dos Trabalhadores? Penso que todos apostariam numa nova coligação com o PMDB ou, na pior das hipóteses, lançando mão de uma candidatura própria. Entretanto, o que se anuncia pelas articulações de um grupo dentro do PT, que se alinhou ao atual prefeito Fernando Peres, é a tentativa de apoio à sua reeleição. Então, vejam vocês, o que no passado foi “um tiro no pé” para o futuro petista em Jataí, agora, certamente, será o próprio suicídio político através da “forca”. Antes, com o pé dilacerado, o partido ainda teve forças para se reeguer e continuar sua caminhada. Todavia, creio que ninguém sobreviva com o pescoço estrangulado.

Nesse ponto, faço a pergunta que não pode calar: quais as motivações desse grupo que se denomina de petistas (não o são!), para apoiar uma administração envolvida em dois processos de CPI que foram impedidos pelos vereadores da situação e que, em quase quatro anos, não executou nenhuma obra significativa para a cidade? Esse senhor que alguns ditos petistas querem apoiar, entrará para a história política de Jataí como protagonista de uma de suas piores administrações. Portanto, caso o Partido dos Trabalhadores entre nesse “barco totalmente furado”, estará, definitivamente, enterrando seu futuro político em Jataí.

Como petista histórico, fico até constrangido e, por que não confessar, enojado, quando vejo o atual prefeito falando abertamente que terá o apoio do PT de Jataí, quando, essa decisão ainda não foi submetida à apreciação dos verdadeiros petistas. Tem indivíduo que se diz petista e que posou junto com o prefeito, hipotecando o apoio do partido nas próximas eleições. Essa pessoa, certamente, não conhece o histórico partidário do PT que sempre priorizou o debate nas suas bases para se tomar uma decisão importante. Portanto, é necessário que o atual prefeito saiba que, nós, petistas históricos, não seremos seus “badecos” nas próximas eleições.

O prefeito, que, certamente, deve ter se acostumado a ver todos os seus pedidos serem prontamente atendidos por seus assessores, deve estar imaginando que todos os petistas são da mesma estirpe dos que estão ao seu lado. Mas saibam, caros jataienses e o próprio senhor prefeito, que o quadro do PT tem muitos companheiros coerentes com a história do partido, e estes saberão muito bem dizer não à essa desonrosa coligação. Temos um nome a zelar e não vamos atrelar a nossa sigla petista com uma administração que envergonha a maioria de nossa população jataiense.

Marquinho Carvalho
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